
Quando Nascemos, já encontramos prontos valores, normas, costumes e práticas sociais. Também encontramos uma forma de produção da vida material que segue determinados parâmetros. Muitas vezes, não temos como interferir nem como fugir das regras já estabelecidas.
A vida em sociedade é possível, portanto, porque as pessoas falam a mesma língua, são julgadas por determinadas leis comuns, usam a mesma moeda, além de ter uma história e alguns hábitos comuns, o que lhes dá um sentimento de pertencer a determinado grupo.
O fundamental para nós seres humanos, é entender que o individual - o que é de cada um - e o comum - o que é compartilhado por todos - não estão separados; formam uma relação que se costitui conforme reagimos às situações que enfrentamos no dia a dia. Algumas pessoas podem ser mais passivas, outras mais ativas; algumas podem reagir e lutar, ao passo que outras se acomodam às circunstâncias. Isso tudo é o fruto das relações sociais. E é justamente nesse processo que contruímos a sociedade em que vivemos. Se as circunstâncias formam os indivíduos, estes também criam as circunstâncias.
Existem vários níveis de interdependência entre a vida privada - a biografia de cada pessoa - e o contexto social mais amplo. Em uma eleição, por exemplo, o candidato no qual votamos está escrito num partido, que, por sua vez, é organizado de uma forma previamente determinada pelas leis vigentes naquele momento em nosso país. Ou seja, votamos em alguém que já foi escolhido pelos membros do partido, os quais se reuniram para decidir quem deveria ser seu candidato.
Quando decidimos votar ou não votar em alguém, prestamos atenção à propaganda eleitoral política, conversamos com parentes e amigos, participamos de comícios, acompanhamos as notícias nos meios de comunicação. Portanto, as decisões que tomamos, em nossas relações com outras pessoas, têm ligação com as decisões que já foram tomadas.
De acordo com Nobert Elias, a sociedade não é um baile à fantasia, em que cada um pode mudar a máscara ou a fantasia a qualquer momento. Desde o nascimento, estamos presos às relações que foram estabelecidas antes de nós e que existem e se estruturam durante nossa vida.